domingo, 27 de junho de 2010

POEMA TIPO FICHÁRIO DE INFORMAÇÕES



Sou um pouco de tudo,
um pouco de nada.
Tenho asas,guelras,
terras e constelações.

Se já amei?
Mil vezes amei
Mil vezes desamei.

Sei que ando pelas ruas
como todos andam pelas ruas
Sei que tenho náuseas e espanto.
Sei que tenho óleo
boiando sujo no lago da memória,
degráus cheios de pássaros mortos,
diálogos barrados
no limiar da hora do encontro,
cloacas envernizadas do nada mais que o social,

Oh! como dar mãos
a quem não tem mãos de dar,
não me encostem à parede
todas as vezes
em que venho para ficar em silêncio
em silêncio
mesmo que isto seja difícil,

deixem-me calado na dor e no amor,
deixem a alvorada levantar
com meus olhos pregados à janela,
deixem a solidão fundir-se
como chumbo se funde
ao fogo da vida,

deixem em paz minha desordem,
meu canto rouco,
meu viver interior,
meu delírio,meu submundo,
as águas de minha incerteza constante,

deixem em paz a ferrugem de meus planos abandonados,
o quadro negro de meu existir traçado a giz,
meu nascimento nos lugares mais doidos,

não queiram que eu chegue a um ponto determinado
(detesto pontos mesmo os mais longínquos),

não me ensinem códigos,
não me ponham sininhos no pescoço:

EU QUERO TER A CERTEZA DE SER LIVRE

Lindolf Bell
In Incorporação
Foto de Aytena no Flickr

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