segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

AMENIDADES


O vento de hoje chegou macio.
Não trouxe o abano,
o assobio
os versos tremulantes de pano.
Ao contrário dos ventos uivantes,
quando ele passar,
tudo ficará como antes.
Ventos amenos
não batem portas,
não viram mesas.
Se ao menos varressem do chão as folhas mortas...

Flora Figueiredo
de Páginas viradas de um abril qualquer
arte Olha Darchuk



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

COMPOSIÇÃO



O amor põe suas mágicas
em funcionamento.
O amor compõe, propõe, supõe,
indispõe e interpõe,
sua adaga entre o ser
e o vazio do vício
(a ser-viço do amor).

O amor compõe seus ácidos
na linha mais ambígua
da mão, entre o desejo
e o tato, neste incêndio
propagante e terrível.

O amor dispõe seus plácidos
novelos enredados
e fio a fio supõe
sua mosca, seu tédio
e sua deslizante
atração de suicídio
e adultério.

O amor
propõe enigmas.Trans-
põe montanhas de sombras,
interpõe-se entre os seres
e apenas se indispõe
para compor de novo
sua casca e seu ovo.

 Gilberto Mendonça Teles
 no livro “Hora aberta – Poemas reunidos”



TUDO PODE TENTAR-ME



Tudo pode tentar-me a que me afaste deste ofício do verso: 
Outrora foi o rosto de uma mulher, ou pior - 
As aparentes exigências do meu país regido por tolos; 
Agora nada melhor vem à minha mão Do que este trabalho habitual. 
Quando jovem, Não daria um centavo por uma canção 
Que o poeta não cantasse de tal maneira 
Que parecesse ter uma espada nos seus aposentos; 
Mas hoje seria, cumprido fosse o meu desejo, 
Mais frio e mudo e surdo que um peixe.


William Butler Yeats
 em "W.B.Yeats uma antologia".
 Selecção e tradução de José Agostinho Baptista.
arte Marchella Piery


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

CANÇÃO




Que saia a última estrela
da avareza da noite
e a esperança venha arder
venha arder em nosso peito

E saiam também os rios
da paciência da terra
É no mar que a aventura
tem as margens que merece

E saiam todos os sóis
que apodreceram no céu
dos que não quiseram ver
– mas que saiam de joelhos

E das mãos que saiam gestos
de pura transformação
Entre o real e o sonho
seremos nós a vertigem

Alexandre o´neill
tempo de fantasmas 1951
poesias completas

ORAÇÃO CELTA




Que o caminho seja brando a teus pés,
o vento sopre leve em teus ombros.
Que o sol brilhe cálido sobre tua face,
as chuvas caiam serenas em teus campos.
E até que eu de novo te veja,
Deus te guarde na palma de sua mão.

ENTRE O LUAR E A FOLHAGEM


Entre o luar e a folhagem,
Entre o sossego e o arvoredo,
Entre o ser noite e haver aragem
Passa um segredo.
Segue-o minha alma na passagem.

Tênue lembrança ou saudade,
Princípio ou fim do que não foi,
Não tem lugar, não tem verdade,
Atrai e dói.
Segue-o meu ser em liberdade.

Vazio encanto ébrio de si,
Tristeza ou alegria o traz?
O que sou dele a quem sorri?
Não é nem faz,
Só de segui-lo me perdi.

Fernando Pessoa
In Cancioneiro
(19.08.1933)


GERMINAL




 Passou. A vida é assim: é o temporal que chega,
 Ruge, esbraveja e passa, ecoando, serra a serra,
No furioso raivar da indômita refrega
 Que as montanhas abala e os troncos desenterra.

 Mas o pranto, afinal, que essa cólera encerra
Tomba: é a chuva que cai e que a planície rega;
 E a cada gota, ali, cada gérmen se apega
Fecundando, a minar, toda a alagada terra.

Também o coração do convulsivo aperto
 Da dor e das paixões, das angústias supremas,
 Sente-se livre, após, a um grande choro aberto.

 Alma! já que não é mister que ansiosa gemas,
Alma! fecunda enfim nas lágrimas que verto,
 Possas  tu germinar e florescer em Poemas!

  Emilio de Menezes
de Poemas da Morte

sábado, 9 de novembro de 2019

SONHOS




mergulha nos sonhos
ou um lema pode ser teu alimento
(as árvores são as suas raízes
e o vento é o vento)

confia no teu coração
se os mares se incendeiam
(e vive pelo amor
embora as estrelas para trás andem)

honra o passado
mas acolhe o futuro
(e esgota no bailado
deste casamento a tua morte)

não te importes com o mundo
com quem faz a paz e a guerra
(pois deus gosta de raparigas
e do amanhã e da terra)


e.e. cummings
arte Kinuko Craft





"Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa, abranda as rochas rígidas, torna água todo fogo telúrico profundo. E reduz, sem que, entanto a desintegre, à condição de uma planície alegre, a aspereza orográfica do mundo!"

(Augusto dos Anjos)


A INFÂNCIA REDIMIDA


A alegria, crio-a agora neste poema.
Embora seja trágica e íntima da morte
a vida é um reino - a vida é o nosso reino
não obstante o terror, o êxtase e o milagre.

Como te sonhei, Poesia!, não como te sonharam...
Escondo-me no bosque da linguagem, corro em salas
de espelhos.
Estou sempre ao alcance de tudo, cheio de orgulho
porque o Anjo me segue a qualquer parte.

Tenho um ritmo longo demais para louvar-te,
Poesia.
Maior, porém, era a beira da praia de minha cidade
onde, menino, inventei navios antes de tê-los visto.
Maior ainda era o mar
diante do qual todas as tardes eu recitava poemas
festejando-o com os olhos rasos d'água e às vezes
sorrindo de paixão.
porque grande é descobrir-se o mar, vê-lo
existir no mundo.
Ó mar de minha infância, maior que o mar de
Homero.

Brinco de esconder-me de Deus, compactuo com as
fadas
e com este ar de jogral mantenho querelas com a
morte.
Depois do outro lado, há sempre um novo outro
lado a conquistar-se...
Por isso te amo,Poesia a ti que vens chamar-me
para as califórnias da vida.
Não és senão um sonho de infância, um mar visto
em palavras .


Lêdo Ivo
In O Oceano Roubado
arte Lienkie Lombard

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

COLHE O DIA, PORQUE ÉS ELE




Colhe o Dia, porque És Ele
Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.

Ricardo Reis
 de “Odes”


sábado, 2 de novembro de 2019

FASCINAÇÃO



Tudo ama!
As estrelas no azul, os insetos na lama,
a luz, a treva, o céu, a terra, tudo,
num tumultuoso amor, num amor quieto e mudo,
tudo ama! tudo ama!

Há amor na alucinada
fascinação do abismo,
amor paradoxal, humano e forte,
que se traduz nas febres do sadismo,
nessa atração perpétua para o Nada,
nessa corrida doida para a Morte.

Por isso, quando as lianas
em lascívias florais cercam de abraços
o tronco hirsuto e grosso,
têm, no amplexo mortal, crueldades humanas.
Há no erótico ardor de enlaçá-lo, abraçá-lo,
a assassina violência de dois braços
crispados num pescoço
atenazando-o para estrangulá-lo!

É que o amor quer a morte. Num momento
resume a vida, os loucos entusiasmos
dos supremos espasmos…
Nesse furor que o invade,
tem a volúpia da ferocidade,
tem o delírio do aniquilamento!

É por isso que vês, por tudo
uma luta de morte, um desespero mudo:
a insídia da raiz que mina a terra e a esgota,
o caule que ergue o fuste, a rama, em sobressalto,
agitando pelo ar a própria dor ignota,
no torturante amor do mais puro e mais alto!

E, na noite estival,
enchendo o Espaço e o Tempo, a Luz e a Treva,
o turbilhão fantástico se eleva
do amor Universal.
Tudo ama!

As estrelas no azul, os insetos na lama,
a luz, a treva, o céu, a terra, tudo,
num tumultuoso amor, num amor quieto e mudo,
tudo ama! Tudo ama!…

Juca Mulato freme. Imerge os olhos entre
as estrelas curiosas.

Não sabe que anda o amor nos espaços profundos
a fecundar o ventre
das próprias nebulosas
na eterna gestação de novos mundos…

Ele é a matriz da vida: multiplica
seres e coisas, numa força eterna,
cria o verme, animais que andam de rastros.
Mata e ressurge, estiola e frutifica,
e, pelo espaço rútilo, governa
a prodigiosa rotação dos astros!

E a vertigem do amor, fascinadora,
tudo arrasta, fantástica, nos braços
e a terra que palpita, canta e chora,
ora imersa na treva ora imersa na aurora,
leva através do Tempo e dos Espaços…

Acendendo no olhar um lampejo divino,
Juca Mulato cede à vertigem que o enlaça
e brada num transporte:
“Arrasta-me também, no turbilhão que passa!
Leva-me ao teu destino,
Amor que vens para a Vida e que vais para a Morte!”

Menotti Del Picchia, 
Melhores Poemas Menotti Del Picchia

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

DESESPERADA, MENTE



Mentira, você não me ama.
Eu também, eu nunca te amei.

Mas o que importa a verdade
quando esta sede quase mata a gente
e nada mais que uma ilusão ardente
pode saciar a vontade
de ter amor, mesmo fingido, mesmo molhado?

Verdade, eu nunca te amei,
Você também, você nunca me amou.

Então diz que me ama. Desesperada, mente.
Te faço confissões alucinadas
e tenho febre ao lado do telefone
esperando tuas mentiras descaradas.
Sente, pouco importa a falsidade
e mente, mente, meu amor, espatifada mente.

É tudo verdade, é tudo mentira.
Vamos voar num tapete voador
de olhos fechados, de mãos enlaçadas
como se houvesse amor, esquecer
que você não me ama
e eu também. eu nunca te amei,
meu amor, minha dor.

Desesperada, mente
mente, mente, meu amor
alucinada, mente.

Carlos Fernando Abreu
de Poemas nunca publicados
arte Dorina Costras

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

DESBOROTIZE-SE

                                                           


Vá caminhar descalço, sentindo o seu pé no chão.
E aproveite para olhar atentamente por onde anda, mantenha o foco sempre em você.

Transe muito, sem pudor e com menos frescura. Sexo nunca foi errado, mas sim troca de vibrações.
Medite em cada momento sexual, e esteja o tempo todo presente.

Fale palavrão mesmo. Coloque para fora aquilo que lhe aborrece.
Mas não precisa falar para outro ser humano. Grite sua ira para o Universo, assim Deus poderá escutar você.

Diga não, inclusive para si próprio.
Às vezes é importante reconhecer nossas limitações e mudar o rumo.

Esqueça por alguns instantes as religiões. Pare de acreditar naquilo que os lideres determinam.
Desta forma você vai se religar consigo mesmo e reconhecer a sua própria verdade.

Exclua seus grupos do WhatsApp, ou melhor, desative esse aplicativo por alguns dias.
Sentirá a liberdade, certamente receberá a carta de alforria com a sua assinatura pessoal autenticada.

Pense negativo, tem situações que esse pensamento vai ajudar.
Sua intuição poderá tentar te mostrar os caminhos para o fracasso, fique atento.

Permaneça por alguns dias em estado depressivo.
Esse instante é importante para se reencontrar. Introspecção não é doença.

Siga outro caminho, aquele que poucos vão.
Perceberá que o caminho padrão levará ao precipício, onde muitos já estão.

Não se posicione nem a esquerda e nem a direita. Todos acharão que é confuso.
Mas que se danem, pois, o centro é o equilíbrio.

Erre muito, bastante e excessivamente. Não existe a certeza universal.
Cada erro reconhecido é um degrau para o seu crescimento espiritual.

Não queira ser amado por todos. Jamais busque a admiração alheia.
Tenho medo da pessoa que tantos gostam, ela seguramente deve ser falsa.

Trabalhe menos e folgue mais. Deixem que lhe chamem de preguiçoso.
Um dia perceberão que o vadio viveu muito mais intensamente a sua única vida.

Morra sempre que precisar renascer. Precisamos morrer muitas vezes nessa vida.
Morrer de amor, e de raiva também. Morrer de rir, e da mesma forma de chorar.

Sendo um robô você nunca morrerá.
Existirá por longos tempos, e em nenhum momento conseguirá expressar os seus sentimentos.

Bruno Pitanga
Todos os direitos reservados
arte Vicente Romero

domingo, 27 de outubro de 2019

REZA DA MANHÃ DE MAIO



Senhor, dai-me a inocência dos animais
Para que eu possa beber nesta manhã
A harmonia e a força das coisas naturais.

Apagai a máscara vazia e vã
De humanidade,
Apagai a vaidade,
Para que eu me perca e me dissolva
Na perfeição da manhã
E para que o vento me devolva
A parte de mim que vive
À beira dum jardim que só eu tive.

– Sophia de Mello Breyner Andresen
do livro “Coral e outros poemas” 


sábado, 26 de outubro de 2019

O RIO E A SERPENTE



O rio e a serpente são misteriosos, meu filho.
Do cimo desta montanha
dois círculos do Eterno estavam.
Um círculo era a serpente,
o outro círculo era o rio:
ambos se despenharam 
procurando ambos o homem,
uma para o purificar,
o outro para o envenenar.
Ambos foram encontrar
o homem simples lá embaixo.
Um lhe ofereceu o Peixe para alimentar,
o outro lhe ofereceu o fruto para o intoxicar.
O rio e a serpente são misteriosos, meu filho.
Das nuvens se despenharam ,
ambos se arrastam na terra
como dois caminhos do homem,
para ele se guiar.
O rio e a serpente são misteriosos , meu filho:
vêm do começo das coisas,
correm para o fim de tudo
e às vezes na água do rio
a negra serpente está.
As coisas eram  simples,
ficaram confusas, meu filho:
o rio que te pode lavar
também pode te afogar,
pois com a aparência do rio
é a serpente que está.
O rio e a serpente são misteriosos,meu filho:
eram dois círculos no início,
vêm desatados de lá.

Jorge de Lima
de Poesia Completa
arte Gustav Klimt Water Serpents II




DESCOBERTA


Só depois percebemos
o mais azul do azul,
olhando, ao fim da tarde,
as cinzas do céu extinto.

Só depois é que amávamos
a quem tanto amávamos;
e o braço se estende, e a mão
aperta dedos de ar,

Só depois aprendemos
a trilhar o labirinto;
mas como acordar os passos
nos pés há muito dormidos?

Só depois é que sabemos
lidar com o que lidávamos.
E meditamos sobre esta
inútil descoberta

enquanto, lentamente,
da cumeeira carcomida
desce uma poeira fina
e nos sufoca.

Ruy Espinheira Filho
de Poesia Reunida e Inéditos 
arte Vicent Van Gogh

sábado, 19 de outubro de 2019

domingo, 13 de outubro de 2019

ORAÇÃO DRUIDA PARA ILUMINAR OS CAMINHOS

Desejo a você...

Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalante o ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a música seja tua companheira em momentos desfrutados na solidão secreta das tuas dores e risos.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de uma alma livre, eterna e feliz em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço; e que assim tua alma seja capaz de dançar na luz dos acasos.
Que em cada passo do teu caminho sejam gravadas as marcas luminosas da tua passagem nos corações.
Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração seja capaz de voar contente nas asas da espiritualidade consciente, e com isso percebas a ternura invisível que ilumina o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável.
Que os teus pensamentos, os teus amores, o teu viver e a tua passagem pela vida sejam abençoados e abraçados por Aquele que ama.
Que sejas capaz de deixar-se guiar pelo amor que não se explica, mas que sejas capaz de senti-lo com a profundidade de quem ama.
Que o amor à vida, à natureza, aos semelhantes e a ti mesmo seja o teu destino e porto seguro, tua missão de vida e propósito de ser.
Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração, o teu caminhar cansado em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz.


Arte eVictor Nizovtsev

quinta-feira, 10 de outubro de 2019



E perguntais-me vós que ideia eu faço
De Deus na Criação? Sei lá que ideia!
(Invocai-o... Que sombra se incendeia
No vosso olhar de dúvida e cansaço!)

Talvez, ao seu poder, no infindo espaço,
O mundo seja um pó que revolteia;
Talvez esteja neste grão de areia
Que em meu caminho piso e despedaço.

Que ideia fiz de Deus? Sei lá... Nenhuma!
Perguntai vós a um hálito de espuma
O que entende do mar: se o sente e o vê.

Amo-o, pressinto-o: e mais não sei. Quem ama,
Responde, não pergunta. É como a chama:
Sobe, alumia, — sem saber por quê.

Antônio Correia de Oliveira
Poemas para Juventude


PRIMAVERA


Primavera  (s.f.)

é a promessa que fez o universo de que tudo o
que vai, volta.é a  prova de que naturalmente a
felicidade é um ciclo e sempre vai se concluir .
é ver o mundo virar um jardim, é você ainda ser
a flor mais querida da minha vida.

é quando floresce saudade em mim.

João Doederlein
O livro dos ressignificados