Passou. A vida é assim: é o temporal que
chega,
Ruge, esbraveja e passa, ecoando, serra a
serra,
No furioso
raivar da indômita refrega
Que as montanhas abala e os troncos
desenterra.
Mas o pranto, afinal, que essa cólera encerra
Tomba: é a
chuva que cai e que a planície rega;
E a cada gota, ali, cada gérmen se apega
Fecundando,
a minar, toda a alagada terra.
Também o
coração do convulsivo aperto
Da dor e das paixões, das angústias supremas,
Sente-se livre, após, a um grande choro
aberto.
Alma! já que não é mister que ansiosa gemas,
Alma!
fecunda enfim nas lágrimas que verto,
Possas tu germinar e florescer em Poemas!
Emilio de Menezes
Emilio de Menezes
de Poemas da Morte
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