terça-feira, 29 de julho de 2014

LV


 

Ouve,  alma da Natureza, a minha canção.
Levanto a voz e os meus sentimentos louvam a magia da
 vida com musicalidade amena e doce. 
As notas melódicas da minha alma transformada em harpa
viva, compõem uma sinfonia que perpassa pelo ar, exaltando
 a poesia que estava adormecida no meu ser.
Durante o canto que se alteia e se modula, espalhando festa,
 meus ouvidos se deleitam com a alma da Natureza que agradece.
A brisa perpassa, ligeira, voluteando, e uma suave melodia
baila no leve ar; a música do córrego, em ritmado rumorejo,
enuncia uma agradável balada; a cachoeira despedaça cristais de
líquida espuma, no atrito das pedras lisas e é uma romanesca; a
terra se arrebenta em flores e estas desatam perfume em delicioso
cantochão...
Eu silencio o meu canto e ouço...
Oh! alma da Natureza!
Atrever-me a cantar para ti, quando, criatura de Deus colocada
no teu manancial de bênçãos, sou, também, parte da tua
harmonia!  
Ensina-me, então, a viver o amor, que é a canção mais
expressiva que de ti se exterioriza.   
Faço silêncio no coração para ouvir-te, alma da Natureza,
e, um mutismo de amor e veneração, descubro que também
 estou cantando. 
 
Divaldo Franco pelo espírito
de Rabindranath Tagore
In Estesia
arte Charles Daniel Ward (British,1872-1935), "The Progress of Spring", 1905

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