terça-feira, 9 de novembro de 2021

SE

 


Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar –sem que a isso só te atires,
De sonhar –sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais –tu serás um homem, ó meu filho!


Rudyard Kipling
Créditos Revista Prosa e Verso
arte Matteo Arfanotti


quinta-feira, 4 de novembro de 2021

O FUTURO DE CADA UM ESTÁ ESCRITO NO PASSADO - LENDA ORIENTAL



Conta uma lenda popular do oriente que um jovem chegou a um oásis, próximo de um povoado, e aproximando-se de um velho sábio, perguntou-lhe:

– Que tipo de pessoas vive neste lugar?

– Que tipo de pessoas vive no lugar de onde vens? – Perguntou o sábio.

– É um grupo de pessoas egoístas e malvadas, replicou o rapaz, estou satisfeito de ter saído de lá.

O sábio respondeu.

– Aqui encontrarás o mesmo.

No mesmo dia, um outro jovem aproximou-se do oásis para beber água e, vendo o sábio, perguntou-lhe:

– Que tipo de pessoas vive aqui?

O sábio respondeu com a mesma pergunta:

– Que tipo de pessoas vive no lugar de onde vens?

O rapaz respondeu-lhe:

– É um magnífico grupo de pessoas amigas, honestas e hospitaleiras. Fiquei um pouco triste por ter de deixá-las.

– O mesmo encontrarás aqui, respondeu o sábio.

Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao sábio:

– Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?

O sábio respondeu-lhe:

– Cada um carrega no seu coração o meio em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também encontrará aqui. Somos todos viajantes no tempo, e o futuro de cada um está escrito no passado; ou seja, cada um encontra na vida exatamente aquilo que traz dentro de si mesmo.


Créditos - Portal do Budismo
arte Pramod Kurlekar

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

A MÚSICA DA ALMA



Angelus Silesius (1624-1677), místico que só escrevia poesia, disse o seguinte: “Temos dois olhos. Com um contemplamos as coisas do tempo, efêmeras, que desaparecem. Com o outro contemplamos as coisas da alma, eternas, que permanecem”. Eis aí um bom início para compreender os mistérios do olhar. Para entender os mistérios do ouvir, eu escrevo uma variação: “Temos dois ouvidos. Com um escutamos os ruídos do tempo, passageiros, que desaparecem. Com o outro ouvimos a música da alma, eterna, que permanece”.

A alma nada sabe sobre a história, o encadeamento dos eventos que acontecem uma vez e nunca mais se repetem. Na história, a vida está enterrada no “nunca mais”. A alma, ao contrário, é o lugar onde o que estava morto volta a viver. Os poemas não são seres da história. Se eles pertencessem à história, uma vez lidos nunca mais seriam lidos: ficariam guardados no limbo do “nunca mais”.

Mas a alma não conhece o “nunca mais”. Ela toma o poema, escrito há muito tempo, no tempo da história (escrito no tempo da história, sim, mas sem pertencer à história), ela o lê, e ele fica vivo de novo: apossa-se do seu corpo, faz amor com ele, provoca riso, choro, alegria. A gente quer que os poemas sejam lidos de novo, ainda que os saibamos de cor, tantas foram as vezes que os lemos.

A gente quer que os poemas sejam lidos de novo, ainda que os saibamos de cor: a alma relê o poema, e ele fica vivo novamente, apossa-se do seu corpo, faz amor com ele, provoca riso, choro, alegria

Como as estórias infantis, irmãs dos poemas. As crianças querem ouvi-las de novo, do mesmo jeito. Se o leitor tenta introduzir variações, a criança logo protesta: “Não é assim”. Nisso se encontra minha briga com os gramáticos que fazem os dicionários: eles mataram a palavra “estória”. Agora só existe a palavra “história”. Frequentemente, os sabedores da anatomia das palavras ignoram a alma das palavras. Guimarães Rosa inicia “Tutameia” com esta afirmação: “A estória não quer ser história. A estória, em rigor, deve ser contra a História”.

Um revisor responsável, ao se defrontar com esse texto, tendo nas mãos a autoridade do dicionário, se apressaria a corrigir: “A história não quer ser história. A história, em rigor, dever ser contra a História”. Puro nonsense. Mas aconteceu com um texto meu que, pela combinação da diligência do revisor com a minha preguiça (não reli suas correções), ficou arruinado. Escrevi essas palavras à guisa de uma explicação “a posteriori” para uma cena da minha vida acontecida há muitos anos, que vi de novo com meu segundo olho há poucos minutos. Também a ouvi com meu segundo ouvido, porque nela havia música. Veio-me no seu frescor original. Não havia tempo algum entre o seu acontecimento no passado e o seu acontecimento há pouco. As mesmas emoções.

Não. Corrijo-me. A sua beleza estava mais bela ainda, perfumada pela saudade. Entendo melhor o que escreveu Octavio Paz: “Parece que nos recordamos e quereríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acabada de nascer. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados. Adivinhamos que somos de outro mundo. É a “vida anterior” que retorna”. Sim, algo da minha vida anterior retornou como um sopro a me golpear a fronte.

A cena é assim -quase escrevi “foi assim”, corrigi-me a tempo: as cenas da alma não têm passado, elas acontecem sempre no presente. Eu e o meu filho de três anos estamos na sala de estar da nossa casa. Só nós dois. Havíamos terminado de jantar. No sofá, sua cabeça está deitada no meu colo. É a hora de contar estórias, antes de dormir. Aí ele me diz: “Papai, põe o disco do violão”. Levanto-me e pego o disco. Tomando toda a capa, a figura de um violino. Mozart. Ponho a peça que ele mais ama, “Uma Pequena Serenata”. É impossível não amar a pequena serenata. Quem poderia resistir à tentação de voar que ela produz?

Pode ser que o corpo não voe. Mas a alma voa. Ouvir “Uma Pequena Serenata” é uma felicidade. (Note que a pequena serenata é inútil. Não serve para nada. Ela é uma criatura da “caixa dos brinquedos”, lugar da alegria.)

Quando eu me esforçava por exercer a arte da psicanálise, ouvi de uma paciente: “Estou angustiada. Não tenho tempo para educar minha filha”. Psicanalista heterodoxo que eu era, não fiz o que meu ofício dizia que eu deveria fazer. Não me meti a analisar seus sentimentos de culpa. Apenas disse: “Eu nunca eduquei meus filhos”. Ela ficou perplexa. Desentendeu. Expliquei, então: “Eu nunca eduquei meus filhos. Só vivi com eles”.

Ali, naquela noite, não me passava pela cabeça que estivesse educando meu filho. Eu só estava partilhando com ele um momento de beleza e felicidade. E se Adélia Prado está certa, se “aquilo que a memória amou fica eterno”, sei que aquela cena está eternamente na alma do meu filho, muito embora ele tenha crescido e já esteja com cabelos brancos. Parte da alma dele é “Uma Pequena Serenata”, o disco do violão. E por isso, por causa da pequena serenata, ele ficou mais bonito.

Rubem Alves em sua coluna “Sabor do saber”. in: Folha de S. Paulo. 22 de fev de 2005.
arte Francesco Botticini


 

“O correr das águas, a passagem das nuvens, o brincar das crianças, o sangue nas veias. Esta é a música de Deus."
Hermann Hesse




arte Thomas Reis

sábado, 30 de outubro de 2021

AFINAL O QUE SÃO CHAKRAS?


 

Chakra é uma palavra sânscrita que significa ‘roda’ e representa os muitos centros de energia do corpo.

Esses centros de energia devem girar como vórtices e estão localizados em todo o corpo físico e também na aura. Na verdade, temos mais de cem, mas vamos concentrar-nos nos sete principais chakras que estão alinhados desde a base da coluna vertebral até ao topo da cabeça.

Cada um representa uma fonte de energia que fluí pelo corpo e transfere nossas experiências emocionais internas para nossa consciência física.

Múladhrara Chakra

Localizado na base da coluna, é representado pela cor vermelha e transmite o fluxo de energia vital necessário à vida física. Está relacionado com a sobrevivência e o sustento, com questões de dinheiro, abrigo e com as necessidades materiais básicas. Ligado a pensamentos e sentimentos de finanças, carreira, casa, posses e segurança física. É também o centro de estabilidade, coragem, impulsividade e paixão. Pode ser bloqueado pelo medo.

Swádhisthána Chakra

Localizado três dedos abaixo do umbigo, na raiz dos órgãos genitais. É representado pela cor laranja e corresponde a sentimentos, emoções, sexualidade, intimidade e desejos. Ligado a pensamentos e sentimentos relativos ao próprio corpo como por exemplo comida, bebida, sexo, vícios, hábitos de sono, exercício, peso e aparência.

Manipura Chakra

Está localizado acima do umbigo e é representado pela cor amarela. Estimula a actividade mental e sentimentos de autoconfiança. Relacionado com pensamentos e sentimentos de poder e controlo.

Anáhata Chakra

Está localizado no centro do peito e é representado pela cor verde. Está associado ao amor: amor pelos outros, pelo mundo à nossa volta e, principalmente, pelo amor próprio. É o lugar da compaixão, empatia, compreensão, paz interior, perdão e cura.

Vishuddha Chakra

Está localizado no centro da garganta e é representado pela cor azul. Trata-se do nosso centro de comunicação. Está relacionado com a expressão clara e confiante.

Ájnã Chakra

Está localizado na testa, é o nosso centro intuitivo associado às nossas habilidades psíquicas inatas de poder ‘ver’ e ‘ouvir’ claramente. É o lugar da consciência, imaginação, auto-realização, percepção, invenção e visão.

Sahásrara Chakra

Está localizado no topo da cabeça e representa o nosso centro espiritual com a mais alta vibração de energia. De cor roxa, corresponde à consciência espiritual, relacionado com pensamentos e sentimentos relativos a Deus, quer seja de aproximação ou relutância, com religião e espiritualidade.



Créditos - Portal do Budismo
https://portaldobudismo.wordpress.com/page/4/




15 FRASES DE BUDA PARA ENCONTRAR A PAZ



Dhammapada”, algo como “o caminho da virtude”, na língua páli, é rico em ensinamentos para a vida. É o texto budista mais conhecido e traduzido no mundo.
 A primeira edição traduzida para o português, directamente do páli, traz 423 aforismos que percorrem temas essenciais como o poder da mente, felicidade e propósito. Aforismo é um texto curto e sucinto, fundamento de um estilo fragmentário e assistemático na escrita filosófica.

 Mentalize as frases abaixo de Siddharta Gautama e aproveite para conhecer um pouco sobre uma das maiores religiões do mundo. Autor do “Dhammapada”, Siddhartha Gautama (por volta dos anos 560 a.C. – 480 a.C.), segundo a tradição, foi um líder religioso nascido no reino de Sakia, região então pertencente à Índia e que hoje faz parte do território do Nepal.

 É considerado o supremo Buda (título que indica um ser iluminado) e fundador do budismo. Confira as frases:

 1) “Por meio do ódio, os ódios nunca são desfeitos; por meio do amor os ódios são sempre desfeitos – e esta é uma lei eterna.”

 2) “A maioria das pessoas nunca percebe que todos nós um dia morreremos aqui (neste mundo). Mas aqueles que percebem essa verdade resolvem as suas quizilas pacificamente.”

 3) “Aqueles que tomam a ilusão por realidade e a realidade como ilusão, e assim são vítimas de ideias erradas, nunca alcançam o essencial.” 

 4) “Os homens irreflectidos e muito ignorantes afundam-se na negligência. Mas o homem sábio tem a vigilância como o seu maior tesouro.”

 5) “Aquele que não se sujou pela paixão, cujo coração não tem ódio, que ultrapassou o bem e o mal e que é vigilante, não tem medo.” 

 6) “Nenhum pai ou mãe, nem qualquer outro familiar, pode conferir maior benefício do que uma mente bem direccionada.” 

 7) “Assim como a abelha extrai o néctar da flor e se afasta sem prejudicar a sua cor ou fragrância, que o sábio também perambule por entre a aldeia.” 

 8) “Uma má acção é aquela cuja pessoa que a praticou se arrepende, e cujas consequências a pessoa enfrenta com lágrimas e lamentações.”

 9) “Embora uma (pessoa) seja vencedora sobre um milhão de homens em batalha, aquele homem que se conquista a si é o maior vencedor.” 

 10) “Um dia na vida de uma pessoa que é vigorosa e resoluta é melhor do que uma vida de cem anos de alguém que é fraco e indolente.”

 11) “O homem de pouco conhecimento espiritual cresce como um touro; a sua carne aumenta, mas a sabedoria, não.”

 12) “Aquele que antes era descuidado, mas que depois se tornou cuidadoso, ilumina o mundo como a lua quando está livre das nuvens.” 

 13) “Não te sintas atraído por aquilo que é agradável ou desagradável. Abstermo-nos daquilo que gostamos é doloroso, assim como daquilo de que não gostamos.” 

 14) “Guarda-te dos maus pensamentos. Tem controlo na tua mente. Não tenhas maus pensamentos (e) leva uma vida de bem-estar mental.” 

 15) “A maior impureza de todas é a ignorância. Livrai-vos, pois, desta imperfeição e sereis livres de todas as impurezas.”

Créditos Portal do Budismo
arte Proamod Kurlekar



sexta-feira, 29 de outubro de 2021

UTOPIA


Deus é dia - noite
                         inverno - verão
guerra - paz
                                          penúria - saciedade:
era este o credo da Montanha.
Dormindo                              
               velávamos.

Quantas vezes a ti voltei
                                      regaço
e a ti voltarei                     
                   horizonte da meta?
Não do preciso ou impreciso desejo
mas doar pleno                             
                                   sendo Deus oferenda e altar.
Quem desperta do gesto litúrgico
de si mesmo feito                       
                           sente o peito pulsar
silêncio                                    
           e dança.  
   

               Dora Ferreira da Silva
                de Poemas da Estrangeira
             arte Pramod Kurlekar


            

ANJOS EXISTEM E ESTÃO POR TODA PARTE



São criaturas divinas enviadas para iluminar nossas vidas. Eles são onipresentes e as vezes nem percebemos a presença deles.

Alguns não precisam de asas para serem considerados anjos. Estão sempre prontos para te acolher. São anjos que chamamos de filhos, afilhados, irmãos, amigos, entre outros nomes que damos.

Aparecem do nada, alegram nossos dias, nos amparam, nos resgatam, confortam nosso coração, nos protegem, nos acalmam, nos dão paz de espírito e muitas vezes nos previnem de algo ruim sem darmos conta disso. Não esperam nada em troca.

Com toda atenção que estes anjos tem sobre nós, como retribuição nossa tarefa é protegê-los e defendê-los também contra qualquer maldade que exista neste mundo.

Por eles temos um amor que não conseguimos definir, é um sentimento infinito. Amamos cada detalhe, a beleza, a delicadeza, a dignidade que eles possuem.

Nossos anjos são tão importante que não conseguimos mais imaginar nossas vidas sem a presença deles.

Com eles temos mais prazer em viver, nos sentimos mais fortes, mais esperançosos, mais confiantes para conquistar nossos sonhos. Somos capazes de ir longe, por eles e junto com eles.

Sejam eles com ou sem asas, agradeça a Deus todos os dias por colocar cada um dos seus lindos anjos em sua vida, que te protegem, te amparam e te guiam no caminho da virtude.

Sinta-se abençoado ao lado desses anjos!

Créditos Portal Raízes
arte Pramod Kurlekar

POR QUE OS SENSITIVOS SE SENTEM MAL PERTO DE ALGUMAS PESSOAS?

  


    Os sensitivos são seres humanos que possuem sensibilidade emocional aumentada. Esse conceito foi apontado pela psicóloga Dra. Elaine Aron em 1991, que apontou, através de estudos, que entre 15% e 20% da população mundial possui esse tipo de sensibilidade mais aflorada porque os seus cérebros processam informações sensoriais de forma diferente e por isso possuem habilidades e emoções expressas de maneira mais intensas que os demais. Os sensitivos – também chamados de empáticos – são portanto mais sensíveis a emoções, comportamentos e energias de pessoas e lugares. A presença de algumas pessoas ou a entrada em lugares específicos podem fazer com que um empático se sinta mal. Entenda mais sobre isso.

Sensibilidade aflorada: o que ela pode causar

    Normalmente, quem é considerado um sensitivo considera isso como uma qualidade, uma habilidade positiva. São normalmente excelentes ouvintes, pessoas caridosas com muita clareza de pensamento, conhecidos por darem bons conselhos. Mas devido à sua sensibilidade emocional aumentada eles são muito influenciáveis pelo ambiente ou por pessoas, são capazes de detectar energias carregadas que estão impregnadas no lugar, detectam mais facilmente comportamentos falsos e não conseguem lidar com pessoas pretensiosas e/ou mentirosas.

Comportamentos e situações em que um sensitivo se sente mal

   Todo mundo pode ser capaz de identificar sinais de falsidade no discurso humano, os empatas possuem maior facilidade devido à sua extrema sensibilidade. Lidar com alguém hipócrita ou falso pode ser tolerável para pessoas comuns, mesmo que eles saibam dessa característica da pessoa, para os sensitivos, isso é praticamente uma tortura, um desconforto intenso. Sentem-se cansados, sentem que sua energia foi drenada, sentem-se frustrados, muitas vezes ficam com as mãos úmidas, com o coração disparado e o bocejo é uma reação muito frequente.

   Veja abaixo algumas situações que fazem com que um sensitivo se sinta mal:

Falsos elogios – eles detectam logo a falsidade e mal conseguem disfarçar a sua decepção;

Pessoas que aumentam suas vitórias para ganhar aprovação e reconhecimentos dos outros;

Pessoas que renunciam à sua personalidade ou tentam ser aquilo que não são para se sentirem por cima;

Falsas delicadezas com intenção de receber algo em troca;

Pessoas que estimulam a inveja e o ressentimento;


Quem age de forma dura e insensível para ocultar dos outros a própria dor ou sensibilidade.

Reações comuns dos sensitivos nessas situações:

Muitas vezes os sensitivos nem conseguem explicar o porquê de está se sentindo mal e o que está causando isso nele. Alguns deles conseguem identificar o foco, mas outros só conseguem pensar em se afastar do ambiente e das pessoas que ali estão, e normalmente ouvem: “O que aconteceu? O que ele(a) te fez de mal?” sem saber explicar exatamente o porquê. Ficam nervosos, tensos e têm dificuldades de formar frases com clareza, o que em situações normais eles têm muita facilidade. Se o sensitivo precisa estar em um ambiente ou perto de alguém que lhe faz mal, ao se afastar ele se sente enjoado, tonto, podendo inclusive ter ânsia de vômito. Ficam muito calados, sem querer continuar a conversa. Muitas vezes, ao se afastar da pessoa ou do ambiente sentem um inexplicável sentimento de culpa.

Texto de Ana Luíza Fernandes – extraído de We Mystic – Com atualização das pesquisas por Portal Raízes
arte Bill Inman

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

A ORAÇÃO



Hoje vou escrever sobre a arte de rezar. Dirão que esse não é tópico que devesse ser tratado por um terapeuta. Rezas e orações são coisas de padres, pastores e gurus religiosos, a serem ensinadas em igrejas, mosteiros e terreiros. Acontece que eu sei que o que as pessoas desejam, ao procurar a terapia, é reaprender a esquecida arte de rezar. Claro que elas não sabem disto. Falam sobre outras coisas, dez mil coisas. Não sabem que a alma deseja uma só coisa, cujo nome esquecemos. Como disse T. S. Eliot, temos conhecimento do movimento, mas não da tranquilidade; conhecimento das palavras e ignorância da Palavra. Todo o nosso conhecimento nos leva para mais perto da nossa ignorância, e toda a nossa ignorância nos leva para mais perto da morte.

A terapia é a busca desse nome esquecido. E quando ele é lembrado e é pronunciado com toda a paixão do corpo e da alma, a esse ato se dá o nome de poesia. A esse ato se pode dar também o nome de oração.

Por detrás da nossa tagarelice (falamos muito e escutamos pouco) está escondido o desejo de orar. Muitas palavras são ditas porque ainda não encontramos a única palavra que importa. Eu gostaria de demonstrar isso – e a demonstração começa com um passeio. Para começar, abra bem os olhos! Veja como este mundo é luminoso e belo! Tão bonito que Nietzsche até mesmo lhe compôs um poema:

“Olhei para este mundo – e era como se uma maçã redonda se oferecesse à minha mão, madura dourada maçã de pele de veludo fresco… Como se mãos delicadas me trouxessem um santuário, santuário aberto para o deleite de olhos tímidos e adorantes: assim este mundo hoje a mim se ofereceu…“

Tudo está bem. Tudo está em ordem. Nada impede o deleite dessa dádiva. Ninguém doente. Nenhuma privação econômica terrível. E há mesmo o gostar das pessoas com quem se vive, sem o que a vida teria um gosto amargo.

Mas isso não é tudo. Além das necessidades vitais básicas a alma precisa de beleza. E a beleza – o mundo a serve a mancheias. Está em todos os lugares, na lua, na rua, nas constelações, nas estações, no mar, no ar, nos rios, nas cachoeiras, na chuva, no cheiro das ervas, na luz que cintila na água crespa das lagoas, nos jardins, nos rostos, nas vozes, nos gestos.

Além da beleza estão os prazeres que moram nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na boca, na pele. Como no último dia da criação, temos de concordar com o Criador: olhando para o que tinha sido feito, viu que tudo era multo bom.

E, no entanto, sem que haja qualquer explicação para esse fato, tendo todas as coisas, a alma continua vazia. Álvaro de Campos colocou este sentimento num poema:

“Dá-me lírios, lírios, e rosas também. Crisântemos, dálias, violetas e os girassóis acima de todas as flores. Mas por mais rosas e lírios que me dês, eu nunca acharei que a vida é bastante, Faltar-me-á sempre qualquer coisa. Minha dor é inútil como uma gaiola numa terra onde não há aves. E minha dor é silenciosa e triste como a parte da praia onde o mar não chega.“

Como se uma nuvem cinzenta de tristeza-tédio cobrisse todas as coisas. A vida pesa. Caminha-se com dificuldade. O corpo se arrasta. As pessoas procuram a terapia alegando faltar um lírio aqui, uma rosa ali, um crisântemo acolá. Buscam, nessas coisas, a única coisa que importa: a alegria. Acontece que as fontes da alegria não são encontradas no mundo de fora. É inútil que me sejam dadas todas as flores do mundo: as fontes da alegria se encontram no mundo de dentro.

O mundo de dentro: as pessoas religiosas lhe dão o nome de alma. O que é a alma? Alma são as paisagens que existem dentro do nosso corpo. Nosso corpo é urna fronteira entre as paisagens de fora e as paisagens de dentro. E elas são diferentes “O homem tem dois olhos“, disse o místico medieval Angelus Silésius. “Com um ele vê as coisas que passam no tempo. Com o outro ele vê o que é eterno e divino.“ Em algum lugar escondido das paisagens da alma se encontram as fontes da alegria – perdidas. Perdidas as fontes da alegria as paisagens da alma se apagam, o corpo fica como uma casa vazia. E quando a casa está vazia, vai-se a alegria. E as paisagens de fora ficam feias (a despeito de serem belas).

O mundo de fora é um mercado onde pássaros engaiolados são vendidos e comprados. As pessoas pensam que, se comprarem o pássaro certo, terão alegria. Mas pássaros engaiolados, por mais belos que sejam, não podem dar alegria. Na alma não há gaiolas.

A alegria é um pássaro que só vem quando quer. Ela é livre. O máximo que podemos fazer é quebrar todas as gaiolas e cantar uma canção de amor, na esperança de que ela nos ouça. Oração é o nome que se dá a esta canção para invocar a alegria.

Muitas orações são produtos da insensatez das pessoas. Acham que o universo estaria melhor se Deus ouvisse os seus conselhos. Pedem que Deus lhes dê pássaros engaiolados, muitos pássaros. Nisso protestantes e católicos são iguais. Tagarelam. E nem se dão ao trabalho de ouvir. Não sabem que a oração é só um gemido. “Suspiro da criatura oprimida“: haverá definição mais bonita? São palavras de Marx. Suspiro: gemido sem palavras que espera ouvir a música divina, a música que, se ouvida, nos traria a alegria.

Gosto de ler orações. Orações e poemas são a mesma coisa: palavras que se pronunciam a partir do silêncio, pedindo que o silêncio nos fale. A se acreditar em Ricardo Reis, é no silêncio que existe no intervalo das palavras que se ouve a voz de “um Ser qualquer, alheio a nós“, que nos fala. O nome do Ser? Não importa. Todos os nomes são metáforas para o Grande Mistério inominável que nos envolve. Gosto de ler orações porque elas dizem as palavras que eu gostaria de ter dito mas não consegui. As orações põem música no meu silêncio.

 Rubem Alves 
 de “Transparências da eternidade”. 
arte Vincent Van Gogh

XXII



Quem disse que "amar é sofrer", jamais amou.
O beijo do ar da madrugada desperta a vida que dorme.
O sorriso da lua engrinaldada de estrelas diminui as sombras.
A caricia do sol vitaliza todas as coisas.
E a chuva que lava a terra, e reverdece o chão, e abençoa
 o mundo, correndo no rio, esvoaçando na nuvem esgarçada, são
as tuas expressões de amor, Construtor real, demonstrando o teu
poder, a tua grandeza e a minha pequenez.
Quem ama, sempre doa, e não sofre porque ama.
O amor é luz e pão, é ar e paz.
Quem diz que amor é sofrer ainda está esperando pelo amor e jamais amou.


Divaldo Franco
Pelo espírito de Rabindranath  Tagore
de Estesia
arte Amanda Cass


TERRA - BENÇÃO DIVINA

 

Não amaldiçoes o mundo que te acolhe.
Nele encontras a Bênção Divina, envolvente e incessante, nas bênçãos que te rodeiam.
O regaço materno…
O refúgio do corpo…
O calor do berço…
O conforto do lar…
O privilégio da oração…
O apoio do alfabeto…
A luz do conhecimento…
A alegria do trabalho…
A riqueza da experiência…
O amparo das afeições…
Do mundo recebes o pão que te alimenta e o fio que te veste.
No mundo respiraram os heróis de teu ideal, os santos de tua fé, os apóstolos de tua
inspiração e as inteligências que te traçaram roteiro.
O Criador não no-la ofertou por exílio ou prisão, mas por escola regenerativa e abrigo
santo, qual divino jardim a pleno céu, esmaltado de sol, durante o dia, e envolvido de
estrelas, durante a noite.
Se algo nele existe que o tisna de lágrimas e empesta de inquietação, é a dor de nossos
erros…
Não te faças, assim, causa do mal no mundo, que, em todas as expressões essenciais,
consubstancia o Bem Maior em si mesmo.
Lembra-te de que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”


Palavras de Vida Eterna
Psicografado por Francisco Cândido Xavier
Pelo espírito de Emmanuel
arte Geraldine Arata - Gaya

NA GRANDE RAMAGEM

 


“Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia”.- Paulo (Hebreus, 11:8.)

Pela fé, o aprendiz do Evangelho é chamado, como Abraão, à sublime herança que lhe é destinada.
A conscrição atinge a todos.
O grande patriarca hebreu saiu sem saber para onde ia...
E nós, por nossa vez, devemos erguer o coração, e partir igualmente.
Ignoramos as estações de contacto na romagem enorme, mas estamos informados que o nosso objetivo é Cristo Jesus.
Quantas vezes somos constrangidos a pisar sobre espinheiros da calúnia? Quantas vezes transitaremos pelo trilho escabroso da incompreensão? Quantos aguaceiros de lágrimas nos alcançarão o espírito? Quantas nuvens estarão interpostas, entre nosso pensamento e o Céu em largos trechos da senda?
Insolúvel a resposta.
Importa, contudo, marchar sempre, no caminho interior da própria redenção, sem esmorecimento.
Hoje, é o suor intensivo; amanhã, é a responsabilidade; depois é o sofrimento e, em seguida, é a solidão...
Ainda assim, é indispensável seguir sem desânimo.
Quando não seja possível avançar dois passos por dia, desloquemo-nos para diante, pelo menos alguns milímetros...
Abre-se a vanguarda em horizontes novos de entendimento e bondade, iluminação espiritual e progresso na virtude.
Subamos, sem repouso, pela montanha escarpada:
Vencendo desertos...
Superando dificuldades...
Varando nevoeiros...
Eliminando obstáculos...
Abraão obedeceu, sem saber para onde ia, e encontrou a realização da sua felicidade.
Obedeçamos, por nossa vez, conscientes de nossa destinação, e convictos de que o Senhor nos espera, além da nossa cruz, nos cimos resplandecentes da eterna ressurreição.


Do Livro: Fonte Viva
Psicografado por Francisco C. Xavier
pelo Espírito Emmanuel
arte Abbott Fuller Graves

PRECE PARA TODO DIA

 

Senhor, concede-me a consciência dos meus muitos erros.
Não me consintas viver iludido a meu próprio respeito.
Que eu tenha suficiente lucidez para saber quem sou.
Que eu consiga, mais que os outros detectar as fragilidades que me são comuns.
Dá-me a Tua força para que eu possa superar-me, a Tua luz para não caminhar nas trevas, a Tua, a Tua paz na luta que me aflige.
Que eu seja sempre sincero em meus propósitos e humilde em minhas atitudes, verdadeiro em minhas palavras e fiel aos meus compromissos.
Senhor, não me deixes entregue à invigilância e ao assédio do mal.
Sê meu abrigo e a minha inspiração!...
Assim seja.


 Do Livro: Vigiai e Orai
Psicografia de Carlos A. Baccelli,
 pelo Espírito Irmão José.
arte Charles Courtney Curran

sexta-feira, 22 de outubro de 2021


Não podemos entrar na modernidade com o atual fardo de preconceitos. A porta da modernidade precisamos de nos descalçar. Eu contei ”Sete Sapatos Sujos” que necessitamos deixar na soleira da porta dos tempos novos. Haverá muitos, mas eu tinha que escolher, o sete, é um número mágico:

Primeiro sapato: A ideia de que os culpados são sempre os outros e nós somos sempre vítimas;

Segundo sapato: A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho;

Terceiro sapato: O preconceito de que quem critica é um inimigo;

Quarto sapato: A ideia de que mudar as palavras muda a realidade;

Quinto sapato: A vergonha de ser pobre e o culto das aparências;

Sexto sapato: A passividade perante a injustiça;

Sétimo sapato: A ideia de que para sermos modernos temos que imitar os outros"

Mia Couto
arte Christiam schloe

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

HISTORINHA VERDE


Quando Deus criou o mar,
estava de bom humor.
Inventou um ioiô
que nunca parasse de ir e voltar.
Chegou então o homem
para usar a novidade.
Não é que o desastrado
se enrola com tal capacidade,
que suja, torce o fio e perde a bola.
Assustado, tenta um arranjo
com o arcanjo encarregado,
que argumenta:
"você que é tão eclético,
já fez até a lua deflorada,
não requer a nossa ajuda para nada.
Inventa agora um  mar sintético.
Para torná-lo ainda mais real,
nada mais natural do que uma ilha
com um belo farol para ofuscar.
Se o conjunto porém desagradar,
abra a tampa, corte a onda, tire a pilha"

Flora Figueiredo
de Amor a Céu Aberto
arte Benjamin Lacombe

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

L. Anderson: Forgotten Dreams - Gimnazija Kranj Symphony Orchestra


Arte Claude Sauzet



Se a provação te alcança,
Contempla a Natureza, alma querida e boa,
E encontrarás, na Terra, em toda parte,
O lar de luz que nos aperfeiçoa.


Dores? Dizes que as dores lembram trevas
Compelindo-te o sonho a persistir de rastros...
Fita o império da noite desvendando
A floresta dos astros.


Renúncia? Há quem afirme que a renúncia
É carga improdutiva para o amor...
Olha o brilhante arrebatado à pedra,
Esbanjando esplendor.


Sofrimento? Assevera a rebeldia
Que todo o sofrimento é processo infecundo,
Mas a fonte filtrada entre os punhais da rocha
Acrescenta o conforto e a beleza do mundo.


Crises? Lembra o fragor da tempestade...
O campo grita ao furação violento...
Depois, fez-se violino entre mãos hábeis
Interpretando a música sublime.


Sacrifício? Medita entre o tronco
A tombar sem apoio a que se arrime...
Depois, fez-se violino entre mãos hábeis
Interpretando a música sublime


Morte? Se crês que a morte é o fim de tudo,
Qual abismo escavando abismos agressores,
Fita a semente nua a renascer do solo
Para ser planta nova e esmaltar-se de flores...


Escuta alma querida! A vida é sempre amor
Do mais nobre caminho aos mais plebeus
E a presença da dor, em qualquer parte,
É uma benção de Deus.


Maria Dolores
de A Terra e o Semeador
Psicografado por Chico Xavier
arte Igor Levashov

A MISSÃO DA ARTE



A Arte é das mais profundas formas de expressão que o
Espírito pode encontrar sobre a Terra.


Quando penetrada por ideais de excelência, cabe à Arte o labor
de cooperar no desenvolvimento da estesia nas criaturas
de Deus.

Assim, o artista é alguém dotado dessas sutis percepções,
tendo possibilidades, muitas vezes, de captar a vibração
superior da Vida, as ondas luminosas de esferas cerúleas e apresentar
aos homens o produto da sua filtragem.

O artista imbuído da Arte que se agita nos painéis do Cosmo,
quando segue fiel aos preceitos do equilíbrio da
realização do bem, não poucas vezes se faz intérprete de fulgurantes
mensagens, depositário que se toma dos fulgores estelares.


Cooperador de Deus, cabe ao artista desenvolver
ou colaborar para que se desenvolvam nos seres humanos os
sentimentos do belo, do inefável, do indefinível.


Não é por outra causa que deparamos com artistas de níveis
variados, atendendo aos Programas da Divindade nos
patamares mais diversos pelo mundo.


Dos tambores rústicos da selva aos violinos apaixonados
de rútilos concertos, vemos a Presença de Deus.


Da expressão rupestre, esbatida, do neolítico às telas perfeitas
de Rembrandt, temos a Presença de Deus.


Do totem dos prístinos dias da tribo, às esculturas de
Miguel Angelo, na Europa, percebemos a Presença de Deus.


Das evocações do vozerio rítmico dos polinésios às mais
formidáveis sinfônicas do mundo, sentimos a Presença de
Deus, conduzindo os Seus filhos ao amadurecimento estético,
aos voos mais altos da sensibilidade, a fim de que O
compreendam, gradativamente, na fieira evolutiva.


Não podemos ignorar, contudo, que aparecem aqui e ali,
em muitos lugares, e mesmo que luxuriam em vários locais
no mundo, almas infernizadas em si mesmas, marcadas pelos instintos
rebaixadores do crime, possuidores de pulsões anímicas aberrantes,
que se mostram c omo artistas, impondo aos despreparados e incautos
as suas alucinações intimas às quais nomeiam  como arte

.
No momento em que vive a Humanidade em meio de tantas
confusões conceptuais e do gargalhar do deboche, mesmo
nas áreas onde deveria vigorar o legítimo e o são, a irrisão campeia,
a loucura toma foros de destaque e se projeta nas telas como
nas pautas, nos palcos como na literatura, enrodilhando um
incontável número de indivíduos em suas sombras.


Na hora torturante pela qual passam os homens da Terra,
encontramos grande leva de considerados artistas que,
ignorando a sua missão de contribuir c om a Obra do Criador,
enleiam- se nos fios da vaidade e ao revés de prestarem
homenagem à Vida Cósmic a por meio da sua arte, põem- se
como centros dessa arte, buscando o aplauso e a fama,
a riqueza e os fogos- fátuos que brilham por pouco tempo,
deixando trevas e amargores, lágrimas e frustrações nas almas
dos desprevenidos comerciantes da Arte.


Se identificas em tuas possibilidades a Presença do Senhor
a se fazer através de diversificada expressão artística,
eleva- te, aprimora- te, ilumina- te, conquista- te e deixa- te a ti
mesmo penetrar pelas vibrações dos seres Angélicos, que honram
a Deus, espargindo amor e saúde pelo Universo, a fim de que,
ao longo dos tempos, participes dos seus misteres.


Fazer Arte, em verdade, é louvar a Deus alcandorando os
seres da Humanidade.


Engaja-te  nesse labor e deixa brilhar, também ai, a tua luz.


Camilo
In Vozes do Infinito
Psicografado por J.Raul Teixeira
tela Michelangelo Di Lodovico Buonarroti Simoni

VI



Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabem

Alberto Caeiro
de Ficções do Interlúdio/1
arte Van Gogh

domingo, 17 de outubro de 2021

V




Há metafísica bastante em não pensar em nada.
 O que penso eu do mundo?
 Sei lá o que penso do mundo!
 Se eu adoecesse pensaria nisso.

 Que ideia tenho eu das cousas? 
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
 Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma 
E sobre a criação do Mundo?
 Não sei.
 Para mim pensar nisso é fechar os olhos
 E não pensar. É correr as cortinas 
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).

 O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
 O único mistério é haver quem pense no mistério.
 Quem está ao sol e fecha os olhos,
 Começa a não saber o que é o sol
 E a pensar muitas cousas cheias de calor. 
Mas abre os olhos e vê o sol, 
E já não pode pensar em nada,
 Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos 
De todos os filósofos e de todos os poetas.
 A luz do sol não sabe o que faz
 E por isso não erra e é comum e boa. 

Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
 A de serem verdes e copadas e de terem ramos
 E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
 A nós, que não sabemos dar por elas.
 Mas que melhor metafísica que a delas,
 Que é a de não saber para que vivem 
Nem saber que o não sabem? 

"Constituição íntima das cousas"... 
"Sentido íntimo do Universo"... 
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada. 
É incrível que se possa pensar em cousas dessas. 
É como pensar em razões e fins 
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das 
                                                                                  [ árvores
 Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.

 Pensar no sentido íntimo das cousas
 É acrescentado, como pensar na saúde
 Ou levar um copo à água das fontes.
 O único sentido íntimo das cousas
 É elas não terem sentido íntimo nenhum.

 Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
 Sem dúvida que viria falar comigo
 E entraria pela minha porta dentro
 Dizendo-me, Aqui estou!

 (Isto é talvez ridículo aos ouvidos
 De quem, por não saber o que é olhar para as cousas, 
Não compreende quem fala delas
 Com o modo de falar que reparar para elas ensina.)

 Mas se Deus é as flores e as árvores
 E os montes e sol e o luar,
 Então acredito nele,
 Então acredito nele a toda a hora,
 E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
 E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.

 Mas se Deus é as árvores e as flores
 E os montes e o luar e o sol,
 Para que lhe chamo eu Deus?
 Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;
 Porque, se ele se fez, para eu o ver,
 Sol e luar e flores e árvores e montes,
 Se ele me aparece como sendo árvores e montes
 E luar e sol e flores, 
É que ele quer que eu o conheça 
Como árvores e montes e flores e luar e sol.

 E por isso eu obedeço-lhe,
 (Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?).
 Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,
 Como quem abre os olhos e vê,
 E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,
 E amo-o sem pensar nele,
 E penso-o vendo e ouvindo,
 E ando com ele a toda a hora.

Alberto Caeiro
de Ficções do Interlúdio
arte Vincent Van Gogh

sábado, 16 de outubro de 2021

COMUNHÃO




já que me sinto muito digna
de me assentar à tua mesa,
não quero migalhas, não,
eu quero o pão inteiro.

Tu e eu, massa e fermento
em ávido silêncio:
casca e miolo,
o bolo
e o seu recheio

Vem.
Estende os lençóis sobre esta
mesa
com cheiro de suor e de
alfazema.
E vamos trabalhar a noite
e o seu levedo
com as mãos,
a boca,
o corpo aceso,
para que a aurora nos en-
tregue,
ainda quentes,
as últimas fatias de amor
amanhecente
com gosto de café, de leite
e de manteiga.

Ilka Brunhilde Laurito
Créditos Poesia Net
arte Willem Haenraets

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Christina Perri - A Thousand Years (Piano/Cello Cover)



Arte William Adolphe Bouguereau



AGUARDEMOS

 


Em qualquer circunstância, espera com paciência.
Se alguém te ofendeu, espera.
Não tomes desforço a quem já carrega a infelicidade em si mesmo.
Se alguém te prejudicou, espera.
Não precisas vingar-te de quem já se encontra assinalado pela justiça.
Se sofres, espera.
A dor é sempre aviso santificante.
Se o obstáculo te visita, espera.
O embaraço de hoje, muita vez, é benefício amanhã.
A fonte, ajudando onde passa, espera pelo rio e atinge o oceano vasto.
A árvore, incessante auxílio, espera pela flor e ganha a benção do fruto.
Todavia, a enxada que espera, imóvel, adquire a ferrugem que a desgasta.
O poço que espera, guardando águas paradas, converte a si próprio em vaso de podridão.
Sejam, pois, quais forem as tuas dificuldades, espera, fazendo em favor dos outros o melhor que puderes, a fim de que a tua esperança se erga sublime, em luminosa realização.

(Chico Xavier – Emmanuel – Palavras de Vida Eterna)
 Créditos https://espiritualistas.wordpress.com

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

PENSAMENTOS QUE ME VISITAM NAS RUAS MOVIMENTADAS

 

Rostos.
Bilhões de rostos na face da Terra.
Dizem que cada um diferente 
dos que existiram ou existirão. 
Mas a natureza - quem lá entende -
talvez cansada do trabalho incessante, 
repete suas antigas ideias
e nos coloca rostos 
já usados um dia.

Talvez você cruze com Arquimedes de jeans,
a tsarina Catarina com roupas de liquidação,
algum faraó de pasta e óculos.

A viúva de um sapateiro  descalço
de uma Varsóvia ainda pequenina,
um mestre da gruta de Altamira
indo com  os netos ao zoológico,
um vândalo cabeludo, ao museu,
deslumbra-se um pouco.

Uns que tombaram duzentos séculos atrás,
cinco séculos atrás
e meio século atrás.

Alguém transportado aqui numa carruagem dourada,
alguém num vagão de extermínio,
Montezuma, Confúcio, Nabucodonosor,
suas babás, lavandeiras, e Semíramis,
que fala somente inglês.

Bilhões de rostos na face da Terra.
O teu, o meu, o rosto de quem -
você nunca vai saber.
Talvez a Natureza precise enganar,
e para dar conta de prazos e demandas,
comece a pescar aquilo que está submerso
no espelho da desmemória.

Wislawa Szymborska
de De Aqui  (Tutaj,  2009)
arte Dorina Costras

AS AQUARELAS



Não penso azul, nem verde, nem vermelho,
nenhuma cor vejo isoladamente:
quero a vida total, como um espelho
a que não falte flor, folha ou semente.

A natureza, neste abril redondo,
esconde formas, seres, linhas, cores,
aqui e ali bizarramente pondo
manchas involuntárias, multicores.

Recuso-me a adotar bandeira ou marca.
Nada escolho. O mistério natural
me envolve inteiro. Em tuas aquarelas

tudo renasce — como quem da barca
do dilúvio, depois do temporal,
visse de novo a terra das janelas...

Odylo Costa Filho
de Boca da Noite (1979)
arte Catherine Alex

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

O BOM LIVRO



O livro edificante é sementeira da Luz Divina,
aclarando o passado,
orientando o presente
e preparando o futuro...

Instrutor do espírito - esclarece sem exigências,
Médico da alma - cura sem ruído,
Sacerdote do coração - consola sem ritos exteriores.

Amigo vigilante - ampara em silêncio,
Companheiro devotado -jamais abandona,
Cooperador eficiente - não pede compensações.

Semeador do infinito - fecunda os sentimentos,
Benfeitor infatigável - jorra bênçãos de paz,
Campo benfazejo - prepara a vida eterna.

Lâmpada fulgurante - brilha sem ofuscar,
Árvore compassiva - frutifica sem condições,
Celeiro farto - supre sem perder


André Luiz
In Relicário de Luz
Psicografado por Francisco Cândido Xavier
arte Anne Bascove