sábado, 26 de outubro de 2019

DESCOBERTA


Só depois percebemos
o mais azul do azul,
olhando, ao fim da tarde,
as cinzas do céu extinto.

Só depois é que amávamos
a quem tanto amávamos;
e o braço se estende, e a mão
aperta dedos de ar,

Só depois aprendemos
a trilhar o labirinto;
mas como acordar os passos
nos pés há muito dormidos?

Só depois é que sabemos
lidar com o que lidávamos.
E meditamos sobre esta
inútil descoberta

enquanto, lentamente,
da cumeeira carcomida
desce uma poeira fina
e nos sufoca.

Ruy Espinheira Filho
de Poesia Reunida e Inéditos 
arte Vicent Van Gogh

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