sábado, 22 de fevereiro de 2014

CANÇÃO DE MARIA




Filho de meu ventre,
meu desejo mais profundo,
meu sonho desejado,
onde estás?
 
Filho da Luz,
o quanto te recordo
e procuro e sinto falta.
Foram curtas as horas em que
estivemos juntos
e menores os momentos em que
tu me pertenceste,
mas tão grande foi tua presença
e tão profundo nosso amor.
 
Filho da Vida,
cujos olhos cantavam para mim,
quando eu te carregava e queria ninar
(mas era teu brilho que me embalava),
onde te encontro agora que és
um peregrino da visão maior?
 
Filho meu,
eu te pertenço
por mais que tu pertenças ao mundo,
por mais que todos te queiram para si,
por mais que tu te queiras para eles.
 
Fruto do meu corpo,
meu sopro maior,
meu alento mais sentido,
meu alvorecer e meu brilho,
canto a canção da saudade,
a canção do tempo,
a canção do sonho,
a canção da vida.
E, em meu canto,
te encontro,
te mimo,
te protejo,
te envolvo,
te devolvo
ao ventre da terra
dos homens, para fortalecer tua semente.
 
Donald Malschitzky
In Cabeça de Vento

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